terça-feira, 26 de janeiro de 2010

SERTÃO MIÓ



Se o sertão virá má,
Asa branca vai sofrê,
Nunca mais vai avuá.



O céu fica de luto,
Todos bicho vai chorá.

Chora cobra, lagartixa,
Véi tatu não vai cavá.



Sofre a terra, sofre gente,
É mió quetá cum isso,
Deixá tudo cumo tá.
Adimais isso tudo,
Só tristêza e lamento.

Priá não vai corrê,
Jegue não vai rinxá,
Sabiá sem puisia,
Bem ti vi sem aligria,
Umbuzêro tão bunito,
Mermo pelado ou frorido,
Imbu não vai dá.

Mandacaru, qui tristeza,
Cum todo seu incanto,
Cum toda sua belêza,
Fulô não vai botá.



E pur tudo quanto dito,
A natureza vai sofrê.

Unha de gato e jurema,
Xique-xique e juazêro,
Tudo pranta sempre forte,
Risistente o tempo intêro,
Vai de uma veiz morrê.

Não fais questão de chuva,
Pois elas já foi feita,
Pru sertanejo socorrê.

Itonce Pai Criadô,
Não iscuta as palavra,
Não iscuta essa praga,
De sertão virá má.

Sertanejo qué é páiz,
Sertanejo qué armunia.

Deixa nóis nesse canto,
Mermo qui seja com sêca,
No doce sertão da Bahia.

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